quinta-feira, agosto 30, 2007

 

Rigor nos Aeroportos

Viajo semanalmente de avião há um ano e meio. Como todas essas viagens são a trabalho sempre tenho comigo a mesma mochila, com o exato mesmo conteúdo desde o início dessas viagens - notebooks, caderno, pastas, folhas e canetas.
O que me impressiona é como o rigor para entrar na área de embarque vem se apertando, se tornando cada vez mais constrangedor e, as vezes, sem sentido.
No início era tudo tranqüilo, viajava como queria, raramente o detector de metal apitava por algum objeto esquecido no bolso.
A primeira mudança que notei foi quanto ao sapato de segurança. Como saía direto do trabalho para o aeroporto nas sextas-feiras, ia de sapato de segurança mesmo. O detector apitava, eu dizia que era o sapato, passavam o detector manual e, pronto, liberado. Até que um dia me fizeram tirar o sapato, coloca-lo na esteira do raio x e passar descalço. Achei um absurdo! Primeiro não são eles que lavam minha meia e, segundo, o que mais poderia ser além da biqueira do sapato? Acham que eu (ou qualquer outro) sou um psicopata sem os dedos dos pés e utilizo esse espaço livre no sapato para guardar armas? Só podem pensar isso, não vejo outra possibilidade.
Depois, por volta do final do ano passado, começaram a pedir que você retire o notebook - item que não pode ser despachado - de sua bagagem de mão para passar no raio x. Aqui até vejo sentido: a quantidade de metais em um notebook pode atrapalhar a ver outras coisas em sua bagagem de mão. Sei disso porque viajei inúmeras vezes com uma tesoura de unha na mesma bagagem do notebook e nunca a viram. Uma vez coloquei em outra bagagem e a pegaram. Fazendo um parênteses agora, o rigor é tão pessoal que nem a tomaram de mim, segui para o avião com ela.
Nos últimos tempos venho notando que os detectores de metais têm sido mais rigorosos também. Coisas que nunca pegaram começam a disparar aquele apito incomodo - moedas, embalagens de chicletes, fivelas de sinto, qualquer detalhe que tenha de metal. Todas essas coisas já passaram comigo pelo detector sem que nada acusasse.
Na minha última viagem, estava usando um gorro devido ao frio que fazia, ao passar pelo detector de metal me pediram para que o tirasse. Volto a pergunta, muito parecida com a do início desse artigo: será que pensam que eu (ou qualquer outro) sou um psicopata sem um pedaço da cabeça e uso esse espaço para guardar uma arma? Pior: se isso fosse verdade, o sensor não devia detectar?
Nessa mesma passagem me pediram para ver dois objetos, ou melhor, duas canetas, que a um ano e meio viajam comigo e nunca foram incomodadas. Essas, inclusive, passaram pelo raio x um dia antes. Mas hoje era o dia delas.
Me pergunto onde vamos parar, cada vez temos que levar menos coisas em mãos, cada vez mais temos que nos despir de cintos, gorros, luvas, sapatos, se começarem a encrencar com os zipers das calças teremos que troca-las por calças de velcro ou elástico.
O pior que tudo isso acontece como se o, "batizado", caos aéro tivesse alguma coisa a ver com os passageiros. Aqui no Brasil todos têm culpa - governo, infraero, companhias aéreas - menos o coitado do passageiro que a única coisa que pode fazer é aceitar, se conformar, esperar, relaxar e gozar.

terça-feira, junho 12, 2007

 

Paxá, O Eterno

Hoje perdi um amigo. Um amigo que conhecia desde os nove anos de idade, ou seja, desde que me entendo por gente.

Durante minha infância, brincávamos muito. Quando não era com ele, fazia questão de se meter nas brincadeiras minhas e do meu irmão.
Foi participativo na adolescência. Conheceu os vários grupos de amizades por quais passei. Participou e interagiu em várias festas que se passaram em casa. Acompanhava de perto todos os campeonatos de tênis de mesa e, quando íamos para a rua, se não ia conosco, esperava pacientemente nossa volta.
Viu minha sobrinha nascer e crescer. Viu todas as minhas namoradas, e alguns “casos” com certeza. Assistiu eu me formar na oitava série e no colegial. Me viu entrar na faculdade. Aliás, estava do lado quando rasparam minha cabeça.
Estava em casa em todos, absolutamente todos, os porres que eu tomei. Me viu chegar tarde, chegar escondido, sair de carro e voltar sem (roubado), sair e voltar vestido de mulher (bendita festa do contrário).
Me via saindo para treinar na hora do almoço e também quando voltava do treino morrendo de fome. Viu todas as medalhas que ganhei nos campeonatos, não que sejam muitas, mas é algo significativo.
Estava de pé todas as manhãs que saí para trabalhar. E me recebia com alegria depois de um dia cansativo.
Me viu sair da faculdade. Uma mistura de alivio com alegria infinita.
Me viu sair de casa. Primeiro para perto, e depois para longe.

Últimamente, devido à distância geográfica, nos víamos pouco. Mas o fato de saber que ele estaria lá todas as vezes que eu retornasse era confortante. E mesmo velho e cansado, me recebia com felicidade.

Esse amigo é o Paxá, meu cachorro. Fiz questão de descrever tudo isso antes para não ter que escutar: “Ah! Mas é só um cachorro?”. Não! Não era só um cachorro. Era um membro da família. Muito inteligente, participava, nos protegia, nos acolhia. Cresceu junto comigo. E após quase 17 anos de vida, ele se foi.

Tenho certeza que se existe um paraíso para cachorros, o Grande Canil – como ouvi falar – ele está lá. Sendo escovado todos os dias, passeando quando quer, comendo pão – isso mesmo, pão – sempre que tem vontade e tem muitas, muitas rodas de carro para ele mijar – único vício que nunca conseguimos tirar dele.

Paxá, fica aqui meu adeus com essa homenagem à você.

Paxá, O Eterno ٭Julho de 1990 †Junho de 2007. E eternamente em nossa lembrança...

terça-feira, janeiro 30, 2007

 

Um capitulo da minha vida

Capitulo: O braço quebrado

O braço quebrado veio quando o grande escalador de portas, traído pela velocidade do seu cérebro, resolveu sentar no ombro da irmã - na época apenas Ju - que, cansada de tanto esperar, foi embora, achando que o menino não queria ir para seu ombro. A conseqüência foi um tombo e o resultado um braço direito quebrado.
Meus pais me levaram para o hospital, não puderam colocar meu braço no lugar, porque depois de comer não se dá anestesia. Com braço enfaixado e muita dor voltei pra casa para esperar a manhã seguinte e dormir. Ou melhor, não dormir. Minha mãe - agora enfermeira - passou a noite cuidando daquela criança que, de dor, se recusava a dormir.
Na manhã seguinte, no hospital, escuto o médico dizer: - “você vai sentir um cheirinho de maça verde” – colocando a mascara na minha cara. Só deu tempo de reconhecer o cheiro e dormir.
Acordei e, ao meu lado, estava meu ursinho azul de pelúcia, também com o braço enfaixado, minha irmã - na hora, solidária – havia enfaixado o urso para que eu não me sentisse sozinho.
Passei minha formatura do pré para a primeira série assim: com uma beca que mais parecia um babador e o braço engessado.
Lembro de eu brincando de carrinho com o Richárd – na época, ainda Bruno – difícil fazer isso quando não se tem o outro braço para apoiar no chão.
Lembro de tirar o gesso um pouco antes de sair de férias e dar de cara com um braço duro, fino e com pelos compridos. Também lembro do meu tio, na inútil tentativa, esticar meu braço na força. Mas não lembro da recuperação, do braço voltando ao normal, só sei que foi durante uma viagem, mas esse é outro capítulo.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

 

Fotografe...

Pare e relembre: qual o melhor momento da sua vida?
Não é difícil encontrar para essa resposta algo do tipo "Nossa! Vários..." ou "Nem sei, foram tantos...". Se pensou isso, então me descreva com detalhes ao menos um deles. Difícil, não?
Outro dia parei para pensar e percebi que boas lembranças não ficam na memória. Talvez pelo momento de euforia que normalmente estamos, talvez pelo fato de guardarmos mais a sensação do que o momento em si.
Agora faça a mesma coisa com o pior momento da sua vida. É impressionante como enxergamos cada passo desse momento. Com quem foi, onde foi, como foi, como estava, enfim, sabemos.
Talvez esse seja um mecanismo de defesa mesmo, de evolução da nossa espécie. Sim, por que ao guardar um momento ruim, você irá evitá-lo sempre e ter medo que lhe aconteça de novo. E assim nos resguardamos, fugimos, evitamos, desviamos, fazemos o possível e o impossível para que nada de parecido venha e, então, sobrevivemos.
Mas e os bons momentos? Será que não temos “espaço” suficiente no cérebro para guardá-lo? Minha resposta é: não sei, mas tenho uma recomendação. Fotografe! Tenha sempre a mão uma máquina, por mais vagabunda que seja, sendo bom de desenho, tenha um papel e lápis na mão. Uma imagem vale mais do que mil palavras e serão elas que, no futuro, puxarão as boas lembranças, os bons momentos.
Guarde fotos de amigos, de lugares, de acontecimentos, de expressões e de você! Sim! De você! Mas não com intuito de se criticar no futuro, mas com intuito de, um dia, passar sua vida de novo e ver quantos bons momentos você já teve comparado com os poucos ruins em sua memória, para então deixar de sobreviver e, com toda a certeza do mundo, viver.

quarta-feira, outubro 18, 2006

 

Facilite a Ultrapassagem

Viajo muito – quase sempre de carro – e é no transito que mais observo as pessoas e o trafego. Talvez esse venha a ser um assunto até meio repetitivo nesse blog, já que é lá, atrás da direção, que mais me indigno.
Recentemente fui viajar para praia. Passando pela Rodovia Tamoios, reparei em uma placa onde se lia: “MOTORISTA, FACILITE A ULTRAPASSAGEM”. Achei engraçado, será que deveria existir uma placa dessa?
Digo isso porque facilitar a ultrapassagem deveria ser obrigação de qualquer pessoa habilitada a dirigir. Então porque temos que colocar uma placa lembrando-as desse fato?
A verdade é que atrás do volante as pessoas se transformam, o mundo se torna uma competição, estamos sempre numa corrida maluca, na qual o carro ao lado está lá para me tirar da primeira posição. Não é engraçado isso?
Lembro-me bem de um desenho do Pateta – sim, aquele do Walt Disney – que mostra isso muito bem. No início ele está de pedestre, todo educado e cordial, mas quando entra em seu carro até sua expressão facial muda, como se estivesse possuído.
No final acho que o que acontece é isso mesmo: as pessoas ficam possuídas. Possuídas pelo poder da potência de seus carros, pela aparente invulnerabilidade que ele nos dá, pela vontade de testar os limites e chegar antes de todos ao seu destino.
Isso tem um porquê? Vai saber... Talvez sejamos todos doidos mesmos, mas vale a pena pensar no que queremos, quais riscos estamos nos expondo e, pior, expondo os outros.

segunda-feira, outubro 09, 2006

 

Nosa Lingua Portugueza

Para quem vai escrever freqüentemente, encontra um obstáculo logo de cara: a língua portuguesa. Sim, porque agora qualquer erro meu, seja por distração ou desconhecimento, irá se tornar público.
Por esse motivo já começo propondo uma reforma na escrita. Ao longo desse texto vou retirando tudo que acho que é desnecessário ou fator complicante de nossa gramática.
Começando pela acentuação: uma das poucas coisas que deveriamos ter copiado dos americanos e a nao existencia de acentos na lingua inglesa. Sera que o acento e tao necessario? Afinal aprendemos a falar antes de escrever, portanto ja sabemos qual entonaçao deve ser dada a cada palavra. Para palavras de mesma escrita, que se diverem apenas pelo acento, uma simples percepçao do contexto da frase resolve esse problema. Portanto chega de oxitonas, paroxitonas e proparoxitonas, o mundo sem os acentos e menos poluido e menos susceptivel ao erro. Se nao percebeu ainda, ja eliminei os acentos e voce continua lendo e, melhor, entendendo.
Um outro fator complicante, e muito questionado na nossa alfabetização, sao as mais diferentes maneiras de representar o som de 's', 'z' e 'x'. Parei com isso: que agora em diante 's' tem som de 's', 'z' tem som de 'z' e 'x' tem som de 'x'. E o fim dos 'ss', 'ç', 'sc', 'xc', 's' com som de 'z', 'ch'. Ah! E ja que eliminei o 'ch' aproveito para eliminar tambem o 'lh' que nao vejo muito utilidade, pode ser muito bem entendido com um simples 'li'. De agora em diante 'c' tem som de 'c' - ca, ce [que], ci [qui], co, cu -, eliminando a letra 'q' do alfabeto, 'j' tem som de 'j' e 'g' de 'g' -ga, ge [gue], gi [gui], go, gu. Sem mais confuzoes!
O fato e ce, nao sei por cual razoes etmologicas, o portuges foi ficando cada vez mais complicado. Ja nao basta as nosas conjugasoes verbais serem tao difiseis e irregulares?
Estou persebendo uma coiza agora: para nao esistirem os asentos terei ce transformar algumas palavras. Na verdade iso ja acontese na internet, agora o e[é], pasa a ser "eh", fica mais fasil do leitor entender. Conforme for persebendo a nesesidade, eu vou transformando esas palavras.
Bom, meus devaneios param por aci. Nao sei se vou continuar a escrever dese jeito - admito, eh dificil - vou descobrir iso de agora em diante. A ideia do dese blog eh espor os mais variados asuntos, criticas aos acontesimentos diarios e observasoes do comportamento humano (minhas, claro). Espero que gostem e acompanhem.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?